domingo, 7 de novembro de 2021

Analisando as Sagas de Dragon Ball Super pt. 1 - A Batalha dos Deuses

Eu resolvi começar esse projeto absurdo de resenhar as sagas de Dragon Ball Super, por mais que seja nessa pegada meio “freestyle” já que eu vou resenhar arcos em forma de filme, arcos em forma de anime, arcos em forma de mangá. O importante é que eu vou escolher o melhor das adaptações e falar sobre, ao meu viés. Mesmo que por vezes, eu tenha que comparar mangá x anime x filme e os que não são importantes comparar, eu não irei. Mas vamos lá: 

BATALHA DOS DEUSES, ou COMO O GOKU GANHOU NOVAS CAMADAS (pelo menos por um tempo):



Eu acho que, da franquia Dragon Ball esse é de longe meu filme preferido. Primeiro, porque ele traz à tona diversas qualidades do Akira como autor sendo que, para mim, esse filme tem um feito comparável com a introdução do Raditz no Dragon Ball Z. Uma mudança abrupta da história, mas sem perder o que fez ser bom no anterior e renovando a história de uma maneira criativa. A gente começa principalmente porque o Bills é divertido, o jeito que a história é guiada é divertido e o jeito que a briga se instala TAMBÉM é divertido, atual e lembra bastante o humor do Akira na época do Dragon Ball clássico. Nada aqui é sério, porque não é pra ser e se fosse pra ser, não teria como haver filme. Não havia ninguém que conseguisse se quer enfrentar o Bills, quiçá vencer ali e se fosse muito sério, esse filme não teria nada de grandioso como tem com seu humor.

O PROTAGONISTA, GOKU: 



De longe, o que eu mais gosto nesse filme é como ele exalta essa característica do Akira como autor: ele olhou pra um personagem de 30 anos atrás, que tinha seu arco, que tem suas problemáticas e pensou "eu consigo trabalhar mais uma coisa nisso". Não é a primeira vez que ele faz isso, mas o fato de não ser, denota ainda mais qualidades do autor. Ainda mais, pegando esse filme pra fazer antes do que ele considera o final de Dragon Ball (que é aberto, propositalmente, mas é um fim, portanto o Goku é um personagem mais "maduro" do que o do final da saga do Majin Buu). E é nesse ponto em específico do filme que eu vou me ater na crítica.

Minha visão crítica tem como foco principalmente os personagens da obra, porque o meu estilo de analise gosta de ver os personagens como a real guia da obra, os pontos mais positivos. A sua obra pode ter uma história super simples, mas se os personagens são bons, ela faz valer. E pra mim, Dragon Ball é muito sobre isso. Vegeta, Gohan, Piccolo e até mesmo Goku, constroem toda a grandiosidade de Dragon Ball acima de qualquer coisa nele (mesmo que o universo dele me interesse bastante). E é a partir disso que eu quero analisar o Goku nesse filme.

O Goku, aqui, é trabalhado de uma forma muito interessante nos minutos finais do filme, ou seja, quando ele realmente é trabalhado como o PROTAGONISTA desse filme (que é basicamente quando ele luta com o Bills) e a gente é abordado num arco interessante dele que, por incrível que pareça, nunca foi abordado: o egoísmo de Goku. 

E isso é interessante porque, egoísmo é uma das características dos Saiyajins, a gente vê isso refletido em Vegeta, Gohan e vários outros Saiyajins, mas em Goku isso nunca foi característico. O Vegeta e o Gohan já caíram por este egoísmo, mas este nunca foi uma grande consequência para Goku, muito embora seja bem claro o orgulho na luta dele contra o Freeza, não gerou nada ruim pra ele, já que ele saiu vivo da luta toda e vencedor (muito embora tenha lá suas características psicológicas como consequências, ainda assim, é pouco). O máximo que a gente vê do orgulho Saiyajin criando problema pra ele é quando ele vê o que ele tava fazendo com o Gohan na saga do Cell, mas não era sobre egoísmo em si tal qual Gohan estava após se tornar Super Saiyajin 2 e quase ter a Terra destruída como consequência. Aqui no filme, embora talvez você possa dizer que ainda não tenha consequências, é algo bem traçado.

Porquê, parte da problemática do Goku na luta (que o próprio Bills enxerga) é sobre como o Goku estava frustrado, mesmo tendo alcançado o poder o bastante pra enfrentar o Bills. E isso se dava porque Goku não tinha alcançado esse poder sozinho e sim, teria dependido de outros para alcançar aquela força. Ele participa do ritual, mas não se sente completo usando aquele poder emprestado. Essa é a base do conflito do filme e do personagem. 

E em Dragon Ball, a gente não tem tanto o "poder da amizade" como um fator de dependência para o protagonista, na verdade, era o contrário. A gente vê cenas assim quando a Bulma falava que o Goku era a chave pra vencer os androides no futuro e como o futuro só ficou dou jeito que ficou porque o Goku tinha morrido previamente, ou quando o Kuririn entra em desespero após ver o Nappa matando seus amigos e grita pela chegada de Goku o mais rápido possível. Goku sempre resolvia as coisas sozinho e era a luz para seus amigos e não o contrário, como é no ritual do Super Saiyajin God. 

Até em situações como, quando ele se fundiu com o Vegeta ou quando ele usou a Genkidama, era uma situação bem diferente, porque: 1 – ele não estava enfrentando mais o personagem no x1, 2 – ele não necessariamente estava em desvantagem nas duas ocasiões. 

Ok, que ambas são formas de poder que ele não conseguia "usar sozinho", mas ainda assim, no caso do Vegetto, aquele era o poder do Goku que ele tava unindo ao do Vegeta e além disso, ele se desfaz do brinco assim que possível para conseguir, novamente, lutar sozinho.

Mesmo usando a Genkidama, o Goku tem seu poder recuperado pelas esferas e ele utiliza o próprio poder para matar Majin Buu ainda assim. Sendo essa a única vez que ele usou a Genkidama com o poder dos outros e ela foi realmente efetiva. Além de, óbvio, ser um golpe dele e não uma transformação que ele desbloqueou do nada, sem esforço.

O Goku realmente usa o treino e as suas lutas como um motivador a viver, ele precisa dessa autoafirmação como parte da identidade dele e ele se ver dependendo de outros pra lutar acaba matando um pouco disso pra ele, já que deixa de ser uma identidade própria. Não é nem sobre ele não estar lutando sozinho e sim, que se não fossem os outros: ele não poderia lutar. E a intenção do Bills, no filme, é mostrar como o Goku ainda é válido mesmo dependendo de outros e parte do motivo da luta continuar é justamente a personalidade deste, o que faz com que Bills enfrente-o mesmo após ele perder a transformação de Deus e posteriormente, assumindo que ele foi o guerreiro mais forte que ele já enfrentou com exceção do Whis (no filme é assim que é indicado). Esse momento onde a gente dá camadas pro Goku e camadas pro “vilão” do filme (que acaba não tendo nada a ver com um vilão) é sensacional.

OUTROS PERSONAGENS:



Isso tudo, sem contar a cena do Vegeta né? Que muito pode ser argumentar que foi algo inútil, mas ver aquilo no cinema foi sensacional. Ele estabelece uma motivação sentimental para proteger e também uma ligação bem forte com sua humanidade, com a Terra. Estou falando da dança dele. Mas falando sério, a cena que o Vegeta ataca o Bills com tudo que ele tem, mesmo inefetiva, é muito bem construída. Mas mesmo se formos nos referir a dança, ela também estabelece que, não só o personagem finalmente se reconhece como um humano, mas também como um personagem de Dragon Ball, com toda a sua estranheza e humor que fazem parte daquele todo que sempre teve essas características. Isso tudo sem perder o que faz do Vegeta um personagem legal, um lutador impiedoso que se fortifica na raiva. Sério, checa essa cena mais uma vez:

Óbvio que o filme tem inúmeros personagens e ele consegue se sair bem em 3 deles (Goku, Vegeta e Bills), e talvez até mais um, mesmo de maneira introdutória e segurando no carisma (o Whis). Ele peca em excesso, podemos dizer assim, pois temos personagens que importam "pero no mucho" que são: os outros Saiyajins que vão participar do ritual, o filme tem todo um arco envolvendo o Gohan e a Videl, o Majin Buu e os outros guerreiros que servem a uma cena rápida cada um deles após serem jogados de lado, afinal, há um grande inimigo e vários guerreiros Z. Acaba que a maioria desses personagens são subaproveitados e a maior parte dos arcos servem a pouca coisa. Talvez o filme pudesse ser resolvido de outra forma, mas ele tinha algumas coisinhas demais pra resolver, afinal, era o retorno de um anime depois de anos sem atualização.

QUESITO HISTÓRIA: 

Pra mim, este filme é um ótimo pontapé pra um novo universo. E ele tinha essa missão, porque Dragon Ball é uma franquia de, na época, quase 30 anos e que por maior que seja seu universo: nunca teve um laço pra você puxar e fazer uma nova história. Até mesmo a Saga do Majin Buu, tem como suas grandes falhas esse balanço que ela tem que fazer de introduzir um vilão COMPLETAMENTE novo (e que traz diversos conceitos por si só, como os Kaioshins) e, ao mesmo tempo, finalizar a obra mesmo depois de ter 2 finais emocionantes (com Freeza e Cell). Ao contrário, por exemplo, do que é feito em Dragon Ball GT, onde o vilão é retornar os olhos para o título da obra: Dragon Ball. São vilões novos, mas ainda assim, são reconhecíveis por sua origem. Acaba que isso torna a finalização fácil e boa.

Mas aqui o ponto não é sobre ser um novo final ou um final melhor, ele é um pontapé de um universo ele estabelece bem essa lógica de deus da destruição, de divindades, poderes divinos, com os Saiyajins entram nessa questão e o melhor: no fim do filme, o Goku não supera o vilão. A partir do momento que isso acontece, você cria um teto em Dragon Ball e isso libera as sagas. Por mais que, a evolução lógica dos vilões tenha criado debates sobre esse teto ter sido superado ou não, ainda assim, existe um teto, existe um certo nível a ser superado. 

O próprio Goku é colocado em um teto, parte do treino do Bills é para que o Goku consiga também saber os poderes que ele pode alcançar e que ele alcance por si só, do seu jeito. É uma forma de "enfraquecer" o Goku. É por isso que o Super Saiyajin 3 é derrotado nos minutos iniciais do filme.

Novamente se a gente comparar com o GT, acaba que a gente também tem um começo com uma renovação no personagem do Goku (junto com um enfraquecimento) e resgate do clássico, mas no filme, essas coisas funcionam bem melhor porque as ideias são mais interessantes. Não só em ideias, mas em execução e eu nem estou falando no quesito de comparar a transformação, mas sim, de como estabelecer esse novo universo e o tipo de coisa que a gente vai encarar nessa história. E olha que o GT tem um trabalho mais fácil, porque a mitologia do universo espacial de Dragon Ball é bem mais chamativa que o universo de deuses do anime. O tanto de coisa que eles poderiam tirar de Namekuseijins, influência dos Saiyajins, do Freeza, do Goku, Tsufurujins, Yadrats e por aí vai. Coisas essas que, o mangá de Dragon Ball Super vem fazendo, mesmo que aos pouquinhos. O GT peca por si só, apenas por não conseguir estabelecer um teto. Quem seria o mais forte do GT? O Goku, só que adulto? o Vegeta? Gohan? Nada disso é claro quanto o Bills é nessa nova leva.

E eu acho que o ponto aqui de discutir a história não é nem sobre a profundidade ou da grande mensagem desse filme, mas é mais sobre as ideias utilizadas nesse filme e como elas são utilizadas na prática. E ao meu ver, boa parte das ideias desse filme são bem sucedidas na prática e o jeito como ele funciona enquanto o inicio de algo que estar por vir é muito bem feito. Não é uma história fechada, mas não é full dependente de uma continuação. 

E eu reconheço que o estilo de narrativa, com humor e tudo que Akira tem pra nos oferecer, pode acabar não sendo tão legal pra todos os públicos, principalmente os fãs da Saga Z que esperavam uma "porradaria mais séria”, mas é inegável o carisma presente nessa história, principalmente para com Bills e Whis.

A TRANSFORMAÇÃO:


A animação desse filme é muito boa, se comparar com o Super chega a ser triste

Não tinha como evitar falar disso né?

A maior parte das críticas relacionadas a Dragon Ball Super fica nas transformações, pois elas não trazem um design tão criativo quanto as outras da saga Z. Mas esta em específico, eu vejo que tem suas motivações em todo o design. Porque, eu não enxergo a forma deus como uma transformação, eu vejo mais como um nível para o Goku chegar, uma espécie de "técnica" ou evolução nos poderes que ele utilizava até então, e a mudança no corpo é mais pra gente ter uma noção da diferença entre o Goku e o Goku divino. 

Mas nas mudanças aparentes, eu gosto da: aura diferenciada dela que assemelha-se ao fogo e se diferencia bastante do Ki utilizado normalmente, trazendo esse tom divino pro todo. Também dos tons de cores no próprio personagem, esse vermelho vivo, que aqui é utilizado justamente pra destoar das paletas de cores do Bills (anotem essa, pro filme do Freeza). A fisionomia em fazer o Goku propositalmente mais magro, trazendo essa ideia mais mais angelical ao personagem. E tudo que gira em torno do design do olho dele me conquista bastante. Não é necessariamente “criativo”, no sentido de ser diferente de tudo que a gente viu, mas é uma transformação bem pensada e carismática ao meu ver. Eu acho, inclusive, que deveria ter um tratamento melhor, no sentido de ser um nível diferenciado, algo mais complicado de se alcançar. Mas eu volto nisso no arco do torneio do poder.

CONCLUSÃO:

Então, para mim, o filme da Batalha dos Deus é simplesmente ótimo em sua proposta: ser um pontapé inicial pro universo e não para nisso, na verdade, traz uma renovação para o arco do nosso protagonista, Goku e nos mostra a nova face que vamos ver do nosso outro protagonista, Vegeta. Além de conseguir criar um antagonista extremamente carismático e minimamente complexo por se tratar de uma divindade feita para destruir, mas que por ter um carisma tão enorme não tem como você não criar afeição com o personagem. O Bills não é bonzinho, sua natureza como deus o impede de ser, mas também não se trata de um ser de pura maldade e essa área cinzenta que nos faz questionar até mesmo suas atitudes perante a luta que ele quer ter (uma motivação que nos vai de encontro, inclusive, tematicamente com o personagem do Goku) e qual o resultado que ele ter nisso tudo. No fim, o Bills não se importa se ele não foi ao máximo como lhe foi prometido em seu sonho, pois ele encontrou uma promessa ainda maior do que ele imaginava, fazendo com que ele poupe os nossos personagens e ainda sirva como um treinador para o Goku. Além do humor do filme que nos relembra bastante os toques que o Akira faz no Dragon Ball clássico. É um dos filmes mais legais da franquia Dragon Ball com certeza e a pergunta que fica é: o que desse pontapé vai sobrar até o final? Vamos descobrir juntos.

Nota: 8/10


sábado, 6 de novembro de 2021

Precisamos falar sobre a Star and Stripes.

Eu nem ia falar sobre isso tudo, mas acho que se faz necessário a gente falar sobre a problemática dessa personagem. Porque, embora ela tenha seus problemas, não é exatamente aquilo que pensamos. 

É normal a gente ter essa relação de cortar o hype com a Estrela e Listras porque essencialmente ela tá lá pra servir de escada pro Shigaraki. Ela é essencialmente um anticlímax. Não tem como o vilão final perder pra ela no meio do arco (rumando ao final) e o Shigaraki servir de escada PRA ELA, isso seria um absurdo maior ainda. Mas, a Star ainda não morreu, afinal, não mostrou sua morte. Lembrem-se que a New Order tem 2 ordens pra se manter, ela usa uma pra manter a força e a outra pra utilizar os diferentes poderes, ao qual ela usa pra fazer a troca aqui e virar o trajeto dos misseis pra atingir o Shigaraki ao mesmo tempo que mantém o seu Susano’o que estava servindo de força pra ela. Entretanto, no momento que o Shigaraki a ataca já estava livre pra usar a segunda ordem e conseguir escapar daquilo de alguma forma. Tem um ponto onde ela bem estabelece essa “regra” imutável dela e a necessidade que pode aparecer dela trocar, não é gratuito.

Eu não consigo crer que esse quadro seja gratuito

A gente já tem 2 paralelos pra essa última cena do último capítulo: o primeiro é quando a Star efetivamente toca no Shigaraki no primeiro golpe e da luta do Deku contra a Lady Nagant (é o equivalente dessa luta, só que pro Shigaraki) então estamos aí com essas possibilidades de que tudo é possível, principalmente com o poder dessa dona.

Aqui era bait né?

Mas eu não estou aqui pra falar sobre a possibilidade de ela estar viva ou dos limites do poder dela, mas estou pra falar dos significados dela e da problemática na personagem.

QUAL É A FUNÇÃO DA STAR AND STRIPES NA HISTÓRIA?

O significado dela é bem claro: ela é os Estados Unidos. Não só isso, mas ela reflete bem os conceitos do All Might e as suas falhas. Permita-me explicar melhor: 

Não há dúvidas de que a Star and Stripes é figurativamente o All Might e isso tem uma função prática bem clara: ela está lá pra mostrar que não, nem o All Might possivelmente no SEU AUGE venceria o Shigaraki. Ele tá em outro nível, ele não é o All for One, ele é muito melhor (e olha que o All for One tava lá de boa depois de ser derrotado pelo All Might e eu tenho a teoria de que o All Might só o venceu na segunda vez, que é a que vemos no anime, porque o All for One queria que fosse feito desse jeito, para que ele passasse uma mensagem pro Shigaraki. Tenho toda uma teoria de que mostra que o All for One é um mestre melhor que o All Might, mas isso é meio óbvio né?). Esse eu creio que seja o simbolismo mais claro, no sentido mais óbvio, no sentido da porradaria. 

Essa imagem fala por si só, né?

Mas a Star também tem um simbolismo temático com Boku no Hero que tem a ver com a nacionalidade dela. A Star por ser uma estadunidense que vem com seus misseis (e se teve algo que Hunter x Hunter me ensinou, é que quem carrega uma bomba no Japão tá errado) e com todo o discurso do Almirante Aghpar sobre ela ser inconsequente e isso fazer do país deles diferente (ela literalmente fala que vai vencer o Shigakari “de um jeito que o Japão nunca poderia”) que é algo que vai de encontro a todo o discurso trabalhado com a Liga dos Vilões e o Exército de Libertação que é sobre como as pessoas não deveriam ter regras nas individualidades e o papo de liberal que o Redestro fica falando (antes de me chamar de lacrador, espera o fim do texto), ponto este que o Kohei tem suas críticas (literalmente uma das problemáticas é sobre como as pessoas pegaram em armas e resolveram se defender por si só) e que também carrega suas relações com o All Might.

O drama do Almirante Ackbar, de revolucionário pra liberal

Nesse ponto, das comparações temáticas com o All Might, é parte da problemática que os vilões tem com ele e com toda a criação do símbolo da paz. Colocar um país inteiro, não, um mundo inteiro nas costas de uma pessoa não foi saudável pra nenhum dos lados. Para o All Might, o guiou até um estado pior que a morte (se ele tivesse morrido, ele teria modificado a sociedade pra melhor, pois se tornaria um símbolo imortal). E para o mundo, criou uma dependência muito forte dessa figura que, fez com que as pessoas se esforçassem menos. Isso é bem visto no primeiro capítulo onde o Bakugou quase morre e na história de origem do Shigaraki. Todo mundo sempre fica esperando um herói, porque o All Might existe. E a não-existência dele trouxe todos os novos problemas dessa história que gerou o Shigaraki atual. E isso vem com uma quebra no momento que o Deku fala “Essa é a história de como NÓS nos tornamos os maiores heróis de todos” e a Star resolvendo lutar sozinha, aborda essa temática.

Isso tudo porque, eu só consigo ver um futuro pro final do Shigaraki: uma luta da 1A inteira contra ele, ou pelo menos, alguns personagens dela. A luta da 1A contra o Midoriya pra mim é um breve treino desse momento. Além do que, existem entrevistas que o Kohei aborda que o final do segundo filme de Boku no Hero, seria o final do anime e que ele resolveu mudar isso pra fazer algo ainda mais épico. E o final do filme é justamente logo o Midoriya e o Bakugou juntos contra um inimigo mais forte, mas também há um grande foco na 1A e como eles estavam vencendo outros personagens. E a gente tem personagens pra lutar entre si na Liga, como o Shoto e o Dabi, a Uraraka e a Toga têm suas coisas pra resolver (vamos chegar a abordar isso em outro texto, calma), talvez um possível confronto entre o Shoji e o Spinner? Vamos esperar pra ver. Isso sem contar os vilões que o All for One tem juntado para sua própria Liga. Enfim, eu ainda quero abordar esse assunto, mas fica para outro texto. 

Eu tenho minhas críticas para com essa parte, mas essa página é linda, tá?

Mas é isso, resumindo, a Star and Stripes tem essa função de ser: 1 – um debate temático em torno da linha que vai fechar o mangá sobre individuo x conjunto e 2 – ser o All Might sem que a gente precise do All Might. Embora isso seja legal, ainda temos as problemáticas.

AS PROBLEMÁTICAS DESSA PERSONAGEM:

Vamos lá, com certeza, o maior problema da Star é ser uma escada pro Shigaraki e esse problema é altamente intensificado porque: ela é uma personagem nova e ainda por cima (agora pode me chamar de lacrador) ela é uma mulher.

Eu sei que parte desse rolê dela ser mulher é levemente trabalhado no último capítulo, mas é meio complicado uma mulher servir de escada para que um homem seja o mais forte. É diferente, por exemplo, de quando a Mirko usou tudo que tinha e não conseguiu vencer os Nomus, que ainda tem seus problemas, mas a Mirko já existia faz um tempo, já tinha suas participações e teve aquele momento ali. Mas realmente, existe um grande problema com as mulheres de Boku no Hero, seja com a Midnight, a Uraraka, a própria Mirko, a Lady Nagant. A maioria delas é BEM secundária, existe o termo que é “mulher em shonen” que trata de que, se há uma personagem feminina em um shonen ela provavelmente nunca será tão especial quanto os personagens masculinos no quesito de batalha, que é o ponto central do Shonen. A mais diferenciada é a Momo Yaoyorozu, mas ainda assim ela tem seus problemas. A gente tem poucos momentos de brilho e muitos problemas nessas personagens. 

E eu acho que acima de ser uma escada, se ela fosse uma personagem melhor trabalhada, ela desse de cara com os heróis antes, tivesse capítulos de pura relação com os outros, tivesse alguma função em relação ao Midoriya se compreender (principalmente depois do surto que ele teve), faria sentido a Star ser derrotada eventualmente e ficaria mais tragável, mas nesse sentido de ela SÓ servir de escada pro Shigaraki vencer e ainda ganhar um novo poder, é complicado.

A única salvação que eu vejo é a luta não ser frutífera, Shigaraki e ela só estarem mostrando poder e o resultado ser um empate, coisa do tipo. Porque, isso é a única forma de passar todas essas ideias e fugir das problemáticas que o servir de escada traria. Seria um pouco “broxante” em relação ao impacto da morte da Star ali? Seria, mas com certeza, é a maneira menos problemática de resolver isso tudo. Sério, eu confio no Kohei como autor, ele costumeiramente surpreende, mas é inegável que ele tenha seus problemas e suas limitações (embora, boa parte delas não seja bem o que a gente imagina, mas eventualmente eu trago isso à tona). 

No final das contas, escada ou não, a Star tá servindo exatamente pro que o Kohei pretende com essa luta: mostrar que o Shigaraki está praticamente impossível de vencer.