terça-feira, 6 de julho de 2021

Minha Academia de Heróis

              Minha relação com Boku no Hero Academia é bem única, única ao ponto de ser universal. Esse é todo o ponto de individualidade né, saber quem você é e como quem você é pode as vezes carregar o peso de várias outras pessoas antes de você. E essa é uma relação bem próxima que o Kohei colocou no Deku, que representava ele mesmo recebendo influências de seus heróis como o Oda e os heróis norte-americanos, mas acabou representando a gente. Quem nunca viu a imagem do Naruto cumprimentando o Deku e deixando o seu legado pra ele? A grande fama de Boku no Hero Academia chegou nessa virada do fim de Naruto (na real, que eu te li na semana do capítulo 700 de Naruto, o primeiro dia que eu li foi 21 de novembro de 2014). Imagem essa que, simbolizava muito bem minha vontade de ler.

Eu só achei essa imagem espanhol, perdoe


                Todo o ponto era o que fazer após o fim de Naruto que era o carro-chefe, pra mim, um nerdola otaku básico que lia obviedades (não mudei muito), já que One Piece eu já tava acompanhando e Bleach eu num tinha interesse, afinal tava numa parte bem fraca até pros fãs. Eis que surge esse mangá com esses trejeitos, essa história cheia de uma vibe dos tempos áureos de Naruto. Era impossível não comparar o Bakugou com o Sasuke, embora eles sejam personagens bem diferentes, comparar o Midoriya, pelo menos pra mim, ao Rock Lee com a estratégia do Shikamaru, meu Deus, era tudo que eu sempre pedi a Deus que meus dois personagens favoritos de Naruto ganhassem o mínimo de relevância. Sempre quis o Rock Lee protagonista de Naruto, porque eu acho que combinava bem mais com a mensagem (qual mensagem?) geral da obra e lá estava meu protagonista que realmente não tinha poderes e os que ele ganha posteriormente, mais lhe causavam mal do que realmente ajudava ao contrário da Kyuubi. Hoje, eu vejo que elas são histórias não só bem diferentes, como praticamente Boku no Hero Academia é uma antítese do que Naruto foi, mas todas as qualidades que Naruto tinha no seu background, eram o literal carro chefe de Boku no Hero e isso era o bastante para me conquistar na época.

Diga se essa página não é linda? Cheia de vida, cheia de tudo.

                Não só isso, mas desde 2012 nunca foi tão legal ser nerdola de herói. Sabe o que veio naquele ano? Vingadores, o primeiro. E a crescente foi indo ainda mais. 2013 a gente teve Homem de Ferro 3 que era o herói mais falado da época, 2014 a gente teve grandes sucessos como Capitão América 2 e Guardiões da Galáxia e em 2015 a gente tava vindo com o filme mais hypado da época e que iria me fazer ver TODOS os filmes da empresa no cinema a partir dali: Vingadores 2 – Era de Ultron. E dali pra frente a gente veria grandes fenômenos como Batman V Superman, Guerra Infinita, Deadpool e por aí vai. Boku no Hero se encaixava naquele meio de puro hype de heróis com o que talvez seja a interpretação atual do Superman mais incrível que a gente já tenha visto. Com toda a sua imponência e ao mesmo tempo suas fraquezas expostas, sua batalha pela paz e a necessidade de um próximo, seu legado e sua história tudo estava tão perfeito que é incrível como a DC não parou pra ler esse personagem e ver como se faz. Simplesmente sensacional toda a construção do All Might e poderia colocá-lo no lugar de grande herói facilmente como o Batman, o Superman e o Homem Aranha, afinal, em sua essência, ele simbolizava todos estes. Ele simboliza o heroísmo, aquilo que a gente tem pra acreditar, aquilo que o Kohei acreditou na infância e eu também. Por várias vezes, me peguei como o Midoriya revendo o mesmo filme, Homem Aranha 2, várias vezes só pra ver aquele meu herói salvando o trem de novo. Não porque meu pai estava naquele trem ou porque ele me salvou fisicamente, mas porque aquilo me mudou de dentro pra fora, aquilo me construiu de uma forma que não há mais como dissociar o meu ser do personagem.

Era desse jeitinho aqui mesmo heuehuehue

                
E é nessa de se ver como Izuku Midoriya que eu mais baseei minha vida desde então. Encarar aquele garoto que só queria ser forte, que só queria ser como o herói que ele via na televisão, mas naquela sociedade ele não era ninguém. Ele não existia, pois não era especial, mas era especial pelo fato de não ser normal como os outros. E eu era um pouco disso. Parte de mim é achar que eu não existia, pois é difícil reconhecer sua própria existência enquanto você é ignorado pelos outros. Quando você não tem amigos, não tem ninguém pra virar pra você e olhar seu valor, você se quer se sente bem vindo naquele local e até mesmo o mais temível bullier, a pessoa que mais te fez mal, é alguém digno de admiração, visto sua grandiosidade perante a você mesmo. A vontade que se tem não é de se provar, por orgulho ou para aparecer, mas sim, de tentar provar que você existe como indivíduo. Onde está o individuo de alguém que não possui individualidade? Esse simples termo, não possuir uma individualidade, algo que difere, algo que te traz o EU, não possuir um Ego é cruel demais e portanto, é real. Eu não posso falar que sofri por ser quem era, afinal, sou branco e todo o pacote completo do que isso significa, mas eu posso falar de mediocridade. Eu não tinha nada de interessante pra uma criança da época e isso me transformou num qualquer. Um qualquer que pode ser encontrado em qualquer esquina, como até hoje eu gosto de falar.
                E o mais genial é a maneira de como o Izuku lida ao receber a individualidade de outro, não é sobre ele querer se tornar o outro apenas, é sobre como aquele Ego, aquele eu que o Izuku já tinha dentro de si e que ele reconheceu como parte do seu legado, o resultado daquilo que ele tentou construir. Assim como o Homem Aranha construiu minhas bases, o Izuku foi construído pelo All Might e eles também era indissociáveis. Pelo Midoriya ser essa folha em branco, sem individualidade, que a pintura do All Might era mais forte, mais perceptível do que em Bakugou que teve a mesma criação, mas tinha uma individualidade forte o bastante pra tampar até mesmo o All Might, mesmo ele sendo um forte símbolo para o garoto. O Izuku era um cara diferente do All Might, pelo simples fato do All Might não existir pra si mesmo. Então o Izuku não estava lá pra copiar o que o Might fez, mas sim, para mostrar a sua individualidade, o seu ser e é quando ele descobre isso, que ele deslancha mais ainda nos seus poderes, se tornando cada vez melhor por abraçar o seu EU. O Izuku já era um gigante antes de receber o One for All e o poder apenas aumentou isso a todo seu potencial, mostrando como o Izuku é muito maior até mesmo que o All Might. É a partir disso, que ele se torna Deku e não o All Might Jr., como ele achou que deveria ser.

Eu amo as reações

          E é nesse nome Deku que ele ganha sua primeira identidade, desde a infância, mesmo com um nome pejorativo que servia pra ele lembrar que era um ninguém naquela sociedade, que ele era um inútil, mas com o tempo a gente aprende que ser um ninguém também é uma identidade. A comparação mais pé no chão que a gente tem para o nome Deku é a comparação entre chamar um negro de preto pejorativamente, um gay de viado, bicha, entre outros, que são termos que as próprias comunidades estão resgatando para ressignificar como um símbolo de força e identidade. “Não é mais nossa fraqueza, não significa algo ruim, é quem nós somos, nossa força e temos orgulho disso”. É nessa base que o Deku adota esse nome. Quando a Uraraka mostra que, Deku se faz parecer mais como “Aquele que tudo consegue” ao invés do inútil que ele achava que era, ele percebe quem ele realmente é, ele percebe que aquela é sua identidade, o seu eu.
        É nessas construções só em cima de um personagem protagonista que nos é tão comum, que é chamado de Naruto verde constantemente, que tem suas comparações com One Piece e é um protagonista lugar-comum na Shonen Jump, mas que possui dentro de si significados e simbolismos tão grande só dentro do micro-verso em que vive com o All Might, Bakugou, Uraraka, o termo de individualidade, o nome Deku e por aí vai. Isso sem se quer falar da sua luta contra o Shoto, da sua luta contra o Shinsou, do Mirio e do Shigaraki. Isso falando apenas do protagonista.


  
        É isso que, para mim, faz do Kohei um grande autor. Sem contar a sua arte, criativa, bonita, única, cheia de individualidade.


Arte essa que me inspirou a inclusive fazer minha própria arte, meu próprio estilo. 

O jeito de criar a história que sempre me deixa louco pelo próximo capítulo desde 2014, sem falha. 

Que se mostra toda vez mais grandiosa ao passar tempo.

Dos personagens que são únicos, carismáticos, amo todos vocês. 


Do seus vilões. 


Da sua filosofia de história. 

Essa é clássica

Da visão política e a mensagem do mangá que é tão próxima de mim. 

Tio Sam?

Cada uma dessas coisas, separadas e juntas, me fazem amar esta obra e este autor. Deve haver o reflexo de Kohei dentro de mim também, que deve tá refletindo alguém maior que ele, como o George Lucas, Stan Lee, Steve Ditko, Jerry Siegel, Joe Shuster, Wayne Boring, Kevin Feige e por aí vai. Isso faz com que a própria história dele seja uma metalinguagem pra história que ele tá escrevendo na vida real, onde nós somos os personagens, onde a nova geração vai nascer se baseando em Deku assim como ele se baseou em All Might lá atrás, eu juro, nunca fiquei tão feliz em saber que a afilhada dos meus pais gostava muito de Boku no Hero, senti que finalmente o anime tinha chegado onde deveria, na geração que deveria e eu tive que fazer até um desenho em homenagem a isso.

Bem mais ou menos? Mas TÁ AÍ OK?

Enfim, é isso que é minha experiência com Boku no Hero Academia.

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